Descrição:
A murcha-de-Ralstonia causada pela bactéria Ralstonia solanacearum foi relatada pela primeira vez em eucalipto no início da década de 1980, em Lagoa da Prata -MG. Posteriormente, a doença foi constatada nos estados da Bahia, Pará, Espírito Santo, Maranhão, de Santa Catarina, Alagoas e Goiás. Atualmente, a murcha-de-Ralstonia constitui, potencialmente, uma das principais doenças da cultura, principalmente, em virtude de sua natureza sistêmica, dos danos causados, da alta variabilidade do patógeno e de características do patossistema que dificultam o seu controle. No sistema atual de produção de mudas clonais de eucalipto, a coleta intensiva de brotações para estaquia e a realização de podas drásticas em minicepas induzem a morte de raízes, o que resulta na sua debilitação fisiológica e, por consequência, favorece a infecção de R. solanacearum em cepas clonais. Em 2005, a murcha-de-Ralstonia provocou elevadas perdas em diversos viveiros clonais de eucalipto do Brasil, totalizando um prejuízo superior a US$ 27 milhões (aprox. R$ 86 milhões). Além das perdas em viveiro, o escurecimento do lenho reduz o rendimento de celulose.
Sintomatologia:
Em minijardim clonal, a doença caracteriza-se por necrose foliar, escurecimento anelar, parcial ou completo do lenho, murcha e morte de minicepas (Figura 3 A). Os sintomas na parte aérea são similares à morte gradual de minicepas submetidas a podas drásticas ou com sistema radicular malformado. Na fase de enraizamento, miniestacas infectadas podem apresentar arroxeamento das nervuras do limbo foliar e podridão (Figura 3 B). No campo, a doença caracteriza-se por bronzeamento, murcha, necrose foliar, desfolha basal ascendente, escurecimento interno do lenho e morte da planta, geralmente a partir do quarto mês após o plantio (Figura 3 C). Um dos principais sinais da doença é a exsudação macroscópica (Figura 3 D e E) ou microscópica (Figura 3 F) de pus bacteriano. Entretanto, recentemente, outra doença bacteriana, causada por Erwinia psidii tem apresentado sintomatologia similar à de Ralstonia solanacearum. Todavia, mediante o uso de técnicas sorológicas pelo teste de “Pocket”, específico para R. solanacearum, pode-se facilmente diferenciar as duas doenças (Figura 3 G). Plantações de eucalipto são mais suscetíveis à murcha-de-Ralstonia nos primeiros dois anos de idade. No passado, a incidência da doença no campo era observada principalmente nos plantios de eucalipto realizados em áreas recém desmatadas. Entretanto, com a mudança do sistema de produção de mudas, a doença tem sido observada independentemente do cultivo anterior, sendo em muitos casos disseminada via mudas contaminadas. A infecção com R. solanacearum pode ser latente de modo que a enfermidade somente se expresse sob condições de ambiente favoráveis e, ou em plantas debilitadas fisiologicamente, principalmente por afogamento de coleto e enovelamento radicular.
Controle:
Em viveiro, recomenda-se a eliminação de qualquer fonte de inóculo do patógeno. Em caso do estabelecimento da bactéria em solo no campo, a utilização de materiais resistentes é a única alternativa para o controle da doença, embora a maioria dos clones testados seja suscetível à doença.