Descrição:
A murcha-de-Ceratocystis, causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata Ellis & Halsted, representa atualmente uma das principais doenças da eucaliptocultura. Esse patógeno foi originalmente descrito como agente etiológico da podridão negra da batata doce (Ipomoea batatas) e, posteriormente, relatado como agente causal de doenças em diversas espécies de interesse agrícola e florestal. O primeiro relato da doença no Brasil ocorreu em Crotalaria juncea nas regiões de Campinas e do Tietê no Estado de São Paulo. Devido às expressivas perdas causadas por C. fimbriata, o eucalipto tem sido considerado como o principal hospedeiro do fungo no Brasil, sendo que o primeiro relato desta enfermidade data de 1997 em plantios de eucalipto no sudeste da Bahia. Além da Bahia, a murcha-de-Ceratocystis em eucalipto tem sido observada nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Alagoas, em plantios seminais ou clonais de espécies puras ou de híbridos interespecíficos. Recentes estudos baseados em marcadores moleculares e análises filogenéticas com diferentes isolados de C. fimbriata demonstraram a existência de alta variabilidade genética nas populações do fungo, o que pode dificultar o controle da doença, se a seleção para resistência não for realizada com isolados altamente agressivos e representativos das populações do patógeno. A doença reduz significativamente o crescimento da planta no campo e o rendimento de celulose de clones suscetíveis cultivados em regiões favoráveis à infecção.
Sintomatologia:
O patógeno progride no interior do lenho, com infecções iniciadas, geralmente, a partir das raízes, atingindo posteriormente o tronco, via parênquima medular e os valos xilemáticos, de onde, em diversas alturas, surgem estrias escuras (Figura 2). Essas progridem, pelo parênquima radial, matando uma porção de câmbio vascular, de floema e de feloderme. Posteriormente, observa-se o aparecimento de sintomas de cancro, “die-back”, murcha permanente e, morte da planta. Observações dos sintomas indicam que a maioria das infecções no campo ocorre via sistema radicular. Eventualmente as infecções podem ocorrer na parte aérea, por meio da utilização frequente de ferramentas de desrama, infestadas com estruturas infectivas do fungo e na colheita das árvores com motosserra, “feller” ou “harvester”.
Controle:
A existência de variabilidade genética inter e intraespecífica para a resistência à murcha-de-Ceratocystis faz com que a seleção de genótipos resistentes, por inoculação sob condições controladas, seja o melhor método de controle da doença. Entretanto, outras estratégias devem ser paralelamente empregadas como:
i) fazer a colheita, bem como todos os tratos culturais, primeiramente em áreas livres da doença e, somente depois, nas áreas sabidamente contaminadas;
ii) realizar a desinfestação de ferramentas e equipamentos após a utilização dos mesmos;
iii) eliminar qualquer fonte de material propagativo infectado.